segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O doador de memórias - Analise

             O Doador de Memórias é um filme lançado em 2014, uma produção de Phillip Noyce, o filme nos apresenta uma sociedade na qual reina uma suposta estabilidade e igualdade, isso porque não existe nela um melhor que o outro, para não despertar a inveja entre seus membros, ou seja, a mesmice predomina em tal civilização, não existem religiões, diferenças e muito menos etnias, nessa sociedade os sentimentos também praticamente não existem, amor, afetividade, ódio são sentimentos e palavras que não fazem sentido para os cidadãos, todos, absolutamente todos estão digamos anestesiados, sobrevivendo apenas para cumprir suas funções, tal procedimento foi tomado pelos Anciãos que são os governadores dessa sociedade, eles condicionaram seus governados a tomarem injeções matinais que segundo eles são para a manutenção da saúde, tal injeção tira a capacidade de sentir.
             Além de não sentirem os cidadãos tiveram suas memórias pagadas pelos Anciãos, apenas o Doador de memórias tem acesso a elas, ele é o único que conhece mesmo que por memórias o nosso mundo, ele tem concsiência de  todas as maravilhas que o ser humano foi capaz de produzir, mas também conhece todas as suas mazelas, e justamente por causa dessas ultimas que os governantes tiraram a capacidade de seus cidadãos de sentir qualquer coisa.
             O filme foi muito bem feito, possui em seu elenco ótimos atores e efeitos visuais fantásticos, porém o que mais nos interessa no longa é a reflexão filosófica por trás da história...
             Quem ja leu o clássico Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley não terá problemas em entender o filme, pois que esse ultimo sofreu influências claras do primeiro, gostaria primeiramente de pontuar que tal sociedade mostrada no filme não está muito longe da nossa realidade, quem de nós nunca ouviu uma pérola daquelas tipo: "vou sair pra beber para esquecer os problemas", meus amigos, não tomamos injeções matinais, mas engolimos de muito bom grado músicas, novelas, filmes e  propagandas que nos estimulam a usar os prazeres para não sofrermos, porém quem de nós gosta de sofrer ? Quem de nós é forte o bastante para perder um ente querido e dar continuidade a vida ? Quem de nós é forte o bastante para olhar no espelho e se enxergar de verdade ? Essa ultima experiência talvez seja a mais dolorosa e a mais urgente que precisamos colocar em prática.
            É fato que não queremos sentir dor ou sofrimento pacientes leitores, entretanto, não é possivel aprender sem sofrer, não é possivel amadurecer sem sofrimento, não sentindo dor nós estagnamos, nos tornamos fracos, porém não precisamos sofrer o desnecessário, aquilo que é para o nosso crescimento é a vida que traz, claro, com a nossa ignorância colocamos muitas pedras em nosso caminho que não deveriam estar ali, mas se nós colocamos nós precisamos retirá - las.
            A dor a que me refiro não é apenas a dor fisica, para essa existem os recursos criados pela Medicina,o tema aqui trabalhado é a da dor de ordem dos sentimentos, de aspecto moral, são delas que tanto fugimos ou que tanto procuramos anestesiar. Anteriormente lhes disse que a sociedade do filme ou do clássico livro citado acima não estão longe de nós, de se tornarem uma realidade porque com uma atenta observação notamos em nosso meio elementos que as caracterizam, além do entorpecimento da dor, configura - se a nossa frente um quadro bem mais preocupante que é o de evitar a dor.
           Percebe - se com nitidez que as pessoas fogem cada vez mais de compromissos afetivos de quaisquer ordem para não se decepcionarem, para não dar de cara com o "outro verdadeiro" e com o "eu verdadeiro", triste é esse fato, pois que além de nos privarmos de conhecer pessoas fantásticas nos privamos do aprofundamento de sentimento, nos privamos de nos autoconhecer, de sentir as pessoas, de aprender com suas expêriencias, de ensinarmos com as nossas, se nos decepcionamos é porque isso é uma coisa natural no mundo que estamos inseridos, o que precisamos é lidar com a adversidade.
          Para o alivio de vocês caros amigos e leitores, concluo aqui esse texto, alertando a todos sobre a anestesia dos sentimentos, da fuga da dor, sem sofrimento não a aprendizado, não nos tornemos robôs, não trasformemos nossos lares em unidades familiares, voltemos a ser humanos (Se é que um dia fomos)!


    Muita Luz e Paz pra todos nós!
    Tudi bão pro cês ;) André Luiz